terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Como é viver sendo Uma Mulher Que Sente Demais

É sempre impossível ter consciência de qual foi o momento em que tudo desandou, e o processo de tentar descobrir é incrivelmente doloroso. Qual foi a frase dita, o comportamento expressado, se foi afeto demais ou quem sabe afeto de menos, foi o meu corpo, meus pensamentos ou minha dedicação exagerada? O que... o que eu fiz de errado? Possivelmente nem teve nada a ver comigo, não é? E na verdade isso quase não importa porque, como sempre, a gente é abandonada na mais completa escuridão de informações. O que me resta é o apego obsessivo por dias a fio à tristeza profunda, pensando no que foi e no que poderia ter sido, nutrindo o desejo de me esconder do mundo - sendo este uma absoluta ironia, quando penso que há apenas poucos dias o desejo era gritar pra todos o que eu estava sentindo -, acho que a exposição é sempre uma parte que dificulta tudo nessa fase, e eu preciso aprender essa lição, de uma vez por todas.

Reciprocidade é mesmo uma coisa bem perigosa, especialmente pra mim, pois sentir o gosto dessa droga de novo foi como ter uma recaída em uma substância que eu não experimentava há anos, e todo esse tempo "limpa" me deu a falsa ilusão de que eu estava imune. É sempre assim com os vícios, né? Eu é que subestimei o poder que teria sobre mim. O pior de tudo é que foi uma dose tão medíocre, tão ínfima que, por Deus... me sinto patética. Patética. Mas eu sei que dessa vez vai ser diferente, o tempo até que eu esqueça tudo, até que eu esqueça você, será muito menor, e pensar nisso de certa maneira me conforta. Mas ao mesmo tempo, por que diabos estou chorando?

De qualquer forma, bom ou ruim, esse é o meu processo. Eu preciso sentir tudo o que tiver pra sentir. Eu quero e vou ouvir todas as músicas tristes da minha playlist montada especialmente para momentos como esse (ouvir a nossa playlist seria masoquismo demais, até para mim). Eu vou ficar borocoxô, vou falar menos do que o meu normal por alguns dias, vou evitar de responder perguntas sobre você, vou chorar algumas vezes quando estiver ouvindo as músicas tristes, mas são elas que vão dar vasão a tudo isso aqui dentro e vão guiar o caminho até a saída. Eu vou apagar seu número e arquivar a conversa, depois de alguns dias irei deletá-la completamente. Isso também faz parte do meu processo. É como se eu estivesse escondendo de mim mesma que você algum dia existiu. Julgue quem quiser julgar, mas é isso que me ajuda. 

E assim, em breve, vai ser como se você nunca tivesse atravessado a minha vida e atrapalhado a perfeita harmonia que havia entre mim e minha solidão. 

De bônus quero deixar algumas das músicas que ouvi enquanto escrevia esse texto e os trechos que mais fizeram doer (doer é não é problema, eu quero continuar me sentindo viva).

They made it far too easy to believe
That true romance can't be achieved these days
Only Ones Who Know - Arctic Monkeys

Hello, it's me
I've thought about us for a long long time
Maybe I think too much but something's wrong
There's something here, doesn't last too long
Maybe I shouldn't think of you as mine
Hello It's Me - Todd Rundgren

I'm tired of fightin'
Fighting for a lost cause
Lost Cause - Beck

Don't you know I'm not your enemy?
Maybe let's cut out caffeine
Tomorrow's too late to reminisce
Before You Gotta Go - Courtney Barnett

It hurts my stomach I just run from it
Note - Nat & Alex Wolff

I thought that all was lost
I thought I'd never find
A someone quite as kind as you
How Kind Of You - Paul McCartney

All I lost and all I hoped for
But I must carry on
Always one, never broken
Broken - Jake Bugg

I focus on the pain
The only thing that's real
Hurt - Johnny Cash

Isso é tudo, pessoal. Espero que escrever esse desabafo aqui, longe dos espectadores da minha vida real, também ajude no processo.💖


segunda-feira, 14 de março de 2022

Tudo mudou e nada mudou

15 anos. Eu consigo te enxergar daqui.

Tudo mudou e nada mudou. 

Mais de 10 anos se passaram desde que criei o blog e mesmo não tendo sido a blogueira mais ativa de todas, o material contido aqui é suficiente para ter um retrato da menina que fui ou que tentava ser. E é uma emoção singular demais conseguir visualizar a mim mesma em diferentes fases da vida, e o principal: ter noção de que nada mudou tanto assim. Apesar dos anos e de muita bagagem acumulada, eu consigo entender que aqui dentro eu continuo apenas querendo ser amada, só que hoje com uma visão bem menos romântica do mundo. E com a convicção que isso nunca acontecerá da forma que aquela menina imaginou. Mas preciso ser justa e agradecer a moça de 15 anos que fui, e também às suas doces fantasias, porque é por causa dela que aprendi a discernir o que verdadeiramente existe de gostoso nessa jornada, é por causa dela também que, mesmo hoje, tantos anos depois, ainda consigo nutrir fantasias e conviver bem com elas (ei, fantasiar é bom!). 

Se não fossem todos os filmes, todas as séries, todas as músicas, todos os livros... o que seria dessa que vos fala? A vida nua e crua é excruciante demais para não perder um tempinho que seja sonhando. Foi graças a adolescente que fui, e que sinto por vezes que abandonei, que eu aprendi a sonhar. 

E um segredo: muitas, muitas e muitas vezes foi a capacidade de sonhar que me salvou. E isso não mudou.


quinta-feira, 15 de março de 2018

Quando você é um pontinho na imensidão

   
Quanto mais informação a gente obtém, parece que mais paralisado a gente fica. Antes de sofrer por amor, a gente sempre está aberto para as novas histórias, antes de ser enganado por alguém, a gente sempre acredita em todo mundo, antes de quebrar a cara, a gente sempre vai fundo nas oportunidades, antes de duvidarem da nossa capacidade, a gente sempre tem confiança pra fazer o melhor, antes de perder um amigo, a gente sempre acha que amizades são para sempre. Mas a medida que o tempo passa, eventualmente passamos por todas essas experiências, e cada uma delas tira um pedacinho nosso, nos derruba um pouco mais e um pouco mais a cada vez. E com tanta coisa que a gente guarda, ao mesmo tempo que ficamos mais espertos, parece que a fé diminui, não tem espaço mais pra esperança com tanto choque de realidade já sentido, e você se sente pequeno, pequeno não no mundo, pequeno dentro de você. Já é difícil lembrar de você mesmo quando ainda existia ignorância, já é difícil lembrar do sentimento que havia quando surgia um novo amor, quando você se preocupava com a prova na escola, porque até as preocupações sumiram, a maré está indo rápido demais e você sabe que não consegue lutar contra ela. O tempo faz você se sentir mais inteligente, suas opiniões foram modificadas, você aprende sobre coisas novas, você acredita em coisas que não acreditava, em coisas que nem conhecia, mas é como se uma mão pusesse de um lado e tirasse do outro, é uma balança injusta, o que você ganha em conhecimento, perde em sentimentos. E tudo isso acontece só aqui, entre eu e eu mesma, porque a imensidão não são os outros, a imensidão está dentro de mim.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Encontrei o amor, ele se chama Pedro

Quem diria que aquela menina estranha encontraria o seu par, a sua metade, o seu amor da vida inteira? Quando eu iria imaginar, em meados de 2010, que aquele garoto que morava no meu computador iria se mudar pra minha vida real? Mas veja só, eu o encontrei, ele me encontrou e aqui estamos. As dúvidas de antes do encontro foram todas dissolvidas no momento em que olhei naqueles olhos verdes, no instante em que, ainda dentro no táxi, nos beijamos com o desejo reprimido por 3 longos anos. 
Nos dias que passamos juntos, parecia tudo um sonho, uma realidade paralela à minha, e por todos os dias eu fiquei alheia a qualquer outra realidade que não existisse ele do meu lado, eu cheguei a acreditar piamente que aquele momento não ia acabar nunca. Mas a verdade é que moramos em cidades muito distantes, e ao final dos 16 dias, essa verdade veio e me arrasou, sem nenhuma dó. Lá no aeroporto, quando ele seguiu pra fila de embarque, eu senti uma dor me dilacerando, não conseguia controlar as lágrimas, por que ele estava longe dos meus braços? A falta do abraço foi imediata, pensei em correr até lá, mas me contive. E a volta pra casa foi igualmente difícil, me emocionou o cuidado e a delicadeza com que o taxista tentou me consolar (que por sinal também chamava-se Pedro), falando um pouco sem jeito de como a vida tinha dessas coisas, sim, a vida... "Aguente firme, mocinha" "Reze pra que quando casarem, nenhum dos dois arrume emprego que precise viajar..." Pode deixar que eu to rezando, Seu Pedro. Não quero ter que me separar assim do meu amor nunca mais, não aguento tantas despedidas iguais a essa. Só hoje eu consegui trocar os lençóis da cama, as toalhas, só hoje consegui vestir de novo a roupa que usei no dia do aeroporto, sem medo de que o cheiro que ele deixou sumisse, pois eu percebi que não preciso temer a distância, não tenho motivos pra me apegar só ao cheiro, porque ele é todinho meu! Eu me dei conta de que, por mais dolorosa que seja a separação, ela não é pra sempre. Não foi um adeus, foi um até logo. Foi um até junho. A dor da saudade é temporária, mas a felicidade de termos um ao outro é permanente. 
"Por isso, meu amor, não tenha medo de sofrer, pois todos os caminhos me encaminham pra você".
Te amo com todo o meu coração, Pedro Henrique Ribeiro Torres.